O "Eu te amo" - Capítulo 1

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Capítulo 1




Eu sempre levara uma vida simples, não tinha muitas paixões ou desejos, mas era uma garota de bom coração. Cujo qual havia sido roubado por Scott, o “garanhão” da minha turma do fundamental.
Tinha sido uma boa época, cheia de lembranças maravilhosas, sorrisos tímidos trocados em silêncio entre nós, mas os bons momentos e sorrisos inocentes, não duraram muito.
Scott assim como eu, cresceu, e apesar de termos seguido todos estes anos juntos na mesma sala até o ensino médio, não foi o suficiente para que a amizade e carinho que mantínhamos um pelo outro durasse até então.
E foi assim que eu, Amberly, uma garota antes carismático e cheia de alegria, tornou-se pacata, alheia a vida e principalmente, desiludida. Quanto a Scott, de um garota tímido e fofo, a personificação da masculinidade.
Era uma manhã de quinta-feira, o dia amanhecera frio e como de costume eu observava as galhos das árvores dançarem com o vento. As folhas que se desprendiam dos galhos e rodopiavam pelo céu até finalmente caírem no chão, eram minha distração. Era isso ou olhar para frente e ver Scott em sua mesa rodeado de amigos, os quais eu não estava incluída.
Sentada ali olhando pela janela eu suspirava minhas desilusões, aquelas janelas eram meu muro das lamentações. A voz de Scott que conversava na frente do lado direito da sala, ecoava até meu coração, onde esbarrava numa grossa camada de pedra. Eu tinha tanto carinho para dá-lo, mas não sabia como fazê-lo que por fim, o repelia.
– Vamos Scott – Disse a loira de suntuosos seios que ela esforçava-se para encostá-los nele- Seus pais nem saberão.
– Não sei- Scott passou as mãos no cabelo, olhou para os lados desviando o olhar e tentando desconversar, mas a garota insistia. Por um instante nossos olhos se encontraram, mas eu rapidamente virei-me para a janela. Virei-me novamente para ele, mas ele já não me olhava mais, então relaxei. Foram necessários apenas segundos, para que meu corpo aquecesse e eu sentisse minha bochechas corarem. Ele não tinha noção dos efeitos que surtia em mim- Susan, você sabe que eu quero muito isso, mas em casa não é uma boa ideia.
– Em casa? – Pensei.
Eu era a única mulher que há havia entrado em seu quarto, pensar que logo talvez eu não fosse mais a única, de certa forma era decepcionante. Não era como se meus sentimentos continuassem os mesmo de anos atrás. As coisas haviam mudado, agora ele era unicamente um monte de músculos sem cérebro que só enxergava peitos e bundas, ou pelo menos era o que eu me forçava a acreditar para ter algo nele a que odiar. Por que se eu não tivesse isso a que me segurar, como reprimiria tantos sentimentos?
E foi assim que o dia se passou, cheio de tumultos.
Para minha infelicidade, Scott e eu eramos vizinhos e as varandas de nossos quartos ficavam de frente uma para a outra. As vezes pegava-me olhando para a cortina fechada de sua varanda, as portas eram de vidro assim como a minha.
Isso lembrava-me de quando trocávamos mensagens por cartazes pela varanda. Ficávamos horas assim, conversando silenciosamente durante a fria madrugada. Mas eu não via aquelas cortina abertas já a um bom tempo.
E foi quando como em resposta, a loira de seios suntuosos estirou as cortinas do quarto de Scott. Eu que estava em pé de frente para ela, recebi um piscadela e um sorriso malicioso, então ela jogou os cabelos para trás do ombro e deu-me as costas sumindo de vista.
Então ele havia concordado em levá-la ali.
Por um instante meu corpo paralisou-se, uma forte dor no peito alastrou-se dentro de mim, o som dos batimentos do meu coração ecoavam tão claramente em meus ouvidos que naquele momento eu soube; se eu não fizesse algo, eu me arrependeria.
De que adiantava criar motivos para odiá-lo quando na verdade eu sabia que tudo não passava de uma mentira, eram apenas fruto da minha imaginação.
Era uma noite chuvosa quando eu, com todo a minha coragem e medo, decidi que finalmente faria algo a respeito. Finalmente lutaria a luta que vinha a anos adiando.
Desci as escadas de minha casa como se minha vida dependesse disso, e ao esticar a mão para tocar a campainha de sua casa, os tremores de minhas pernas evidenciavam que eu reconhecia que o futuro da minha felicidade dependeria do rumo que as coisas tomariam assim que aquela porta se abrisse.
Então a apertei, e a campainha ressoou.
Os poucos minutos de espera pareceram durar horas, até a porta abrir-se e Scott olhar-me surpreso.
– Amberly? – Arqueou as sobrancelhas e deu uma rápida olhada para dentro da casa.
– Eu, eu sei que não está sozinho. Não se preocupe em escondê-la.
Susan provavelmente estaria em algum canto próximo da casa escutando a conversa, mas isso não importava. Eu precisava dizer-lhe, o quão importante ele era para mim. Mesmo que depois disso ele me desse um fora.
– Como assim? O que faz aqui Amberly? Você não vem aqui ou olha na minha cara faz anos, por que agora? Como você vê, não é uma boa hora.
– E quando será uma boa hora? Quando eu já não puder fazer nada a respeito?
Meus olhos começavam a marejar.
Ele estava certo, depois de tanto tempo, por que agora?
Todos estes anos eu havia o afastado, a medida que se destacava, que fazia novos amigos. Eu me sentia mais ofuscada, em segundo plano. A verdade era que eu tinha medo de ser deixada de lado, de ser rejeitada. De escutá-lo dizer que tudo havia acabado. Então o afastei, para que ele não tivesse a oportunidade de o fazer, de por um fim.
Finalmente estava claro. Era por isso que estava ali. Eu não queria mais ficar em segundo plano, não queria mais sofrer em silêncio.
Eu precisava dizer o que sentia, como me sentia e por quê sentia. Eu precisava ser ouvida.
Como um estouro de adrenalina, passei a falar:
– Eu quero ver a janela da sua varanda aberta mais vezes, quero vê-lo encostado no para-peito dela olhando as estrelas, não me lembro da última vez que o vi ali. Eu quero vir mais vezes na sua casa, como quando eramos crianças, para jogar banco imobiliário. Quero voltar a trocar olhares e sorrisos tímidos.
Aquilo fazia sentido?
O homem da minha vida estava prestes a levar para sua cama outra mulher, e a unica coisa que eu tinha pra dizer era isso?
Scott ponderou.
– Seu sutiã esta aparecendo- Ofegou.
Um lampejo de excitação brilhou nos olhos pretos de Scott.
Quando dei-me conta da ferocidade com que olhava-me, estremeci. Seu olhar conseguia penetrar a mais profunda camada de minha pele, acendendo uma brase que se alastrava por tudo o meu ser.
– Meu Deus Amber. Quando foi que você cresceu tanto?
Minhas bochechas coraram, ele não se referia a minha estatura e sim meu seios, os quais fazia questão de esconder de baixo de roupas bem recatadas. Cruzei os braços na frente dos seios e soltei um grunhido de vergonha.
Scott percebeu meu desconforto e desviou o olhar.
– Me desculpe. Eu não medi minhas palavras.
– Eu vim aqui depois de anos, abrindo meu coração pra você. E você me diz que consegui ver meu sutian…
– Sim, e devo dizer que quero vê-lo mais vezes. Você me pediu tanta coisa, que me vejo no direito de pedir algo em troca.
– Você só pode estar brincando né?
Eu não podia acreditar no que estava ouvindo, depois de tanto esforço para vir aqui, ele me tratava assim?
Sinto muito Scott, mas eu tenho amor próprio.
Girei nos calcanhares e ia me retirando quando ele segurou-me pelo pulso puxando-me para seus braços.
– Espere Amberly! Eu não disse com intenção de te desrespeitar.
Sua expressão dizia que se arrependia, mas diante do contato físico essa era a menor de minhas preocupações. A camada de rochas envoltas em meu coração, começavam a desmoronar. Eu estava vulnerável, e isso me assustava.
– Não venha aqui, para depois simplesmente ir embora. Já a perdi uma vez, não suportaria isso novamente. Eu farei tudo que me pedir, mas fique. Por favor.
Sua voz transparecia tristeza, eu só não compreendia o por quê. Não era eu quem sofrera todos estes anos? Então porque ele compadecia da mesma dor?
– E-Eu não entendo…
– Então permita-me explicar – O seus olhos brilharam com a possibilidade e Scott pressionou-me contra seu peito, seu membro rígido roçou contra minha barriga estremecendo meu corpo com a intimidade. Sua mão deslizou sobre minhas costas, afundando em meus cabelos. Então inclinou-se para frente, seus lábios aproximaram-se tanto, que pude sentir sua respiração.
– Desculpe atrapalhar, mas estão esquecendo de uma coisa – Pronunciou-se Susan com sua arrogância.
Susan apoiava-se com os ombros na batente da porta de braços cruzados, nada feliz com o que quase acontecera.
Isso mesmo, QUASE.
Me desvencilhei dos braços de Scott na primeira oportunidade. Meu corpo ansiava por mais, mas psicologicamente eu não estava preparada. Ter homem como ele tão próximo tirava-me o ar.
– Scott, meu amor, você não vai entrar? – Susan cerrou os punhos, mas logo suavizou a expressão e caminhou até Scott insinuando-se. Apoiou as mãos em seus ombros e sussurrou encarando-me- Temos assuntos inacabados.
Scott correu os dedos pelos cabelos e bufou, seu olhar era intimidador.
– Susan. É melhor você voltar pra sua casa. Não há mais nada para você aqui.
– Você só pode estar brincando né! Trocar eu, por uma coisa dessa. Você não esta batendo bem da cabeça. Venha comigo – Segurou-lhe o punho – Para que eu posso clarear as coisas.
Eu já havia visto Scott bravo, mas nunca tão ardiloso. Seus olhos transbordavam despreso.
– Acho que você não entendeu Susan. Foi um erro trazê-la aqui. Um erro, que eu espero nunca mais cometer. Então sai! – Apontou para a rua – Antes que eu perca a paciência. Não preciso de uma boneca sem coração na minha cama.
Susan respirou fundo e se esforçou para não chorar com a crueldade de suas palavras, até eu me senti mal por ela. Por mais que fosse verdade, Scott não era a pessoa mais indicada para dizer isso.
Um lampejo de ódio brilhou em seus olhos, então virou-me para mim.
– Não pense que as coisas ficaram assim. Tenho tempo de sobra pra odiá-la e infernizar sua vida. Ele não estará sempre por perto para salvá-la.
E nisso ela tinha razão. Eu não esperava que ele estivesse, já era grandinha o suficiente para resolver meus problemas. Mas ainda assim um arrepio percorreu minha espinha. Esforcei-me para não transparecer a preocupação em minha palavras.
– Eu não espero que ele esteja. Posso cuidar de você sozinha.
Senti orgulho de mim por manter a postura numa situação desta, a qual não estava habituada. Nunca havia brigado por nada em minha vida. Essa guerra que havia comprado, assustava-me.
– Aproveite enquanto pode. O corpo dele não foi feito para ser desperdiçado com você. Ele é feito sobre medida pra mim, estou temporariamente te emprestando ele. Quando menos esperar, ele voltara para mim.
Com sua promessa de vingança lançada, Susan se foi trazendo paz ao meu universo.
Menos tensos, nossos olhos se encontraram e começamos a rir, como nos velhos tempo.
– Gostaria de entrar Amber? – O canto de seus lábios me disseram que aquilo não era seguro.
Por mais tentador que fosse, já era tarde e meus pais logo sentiriam falta de mim.
– Outro dia quem sabe, já esta tarde e eu sai sem avisar. Logo estarão correndo pelas ruas achando que me sequestraram, você sabe como minha família é dramática.
– Tudo bem, até amanhã então.
Nos despedimos com um beijo no rosto e quando já estávamos de costas um para o outro indo embora, ele chamou-me novamente com ar de brincalhão.
– Ah! Amber!
– Sim? – Perguntei curiosa.
– Foi bom conversar de novo com você. E sobre o sutiã, aquela proposta ainda esta de pé. Seria bom, ver de novo.
Não respondi, apenas corei e voltai a caminha para casa. Aquilo não merecia resposta, além de eu ser tímida demais para responder.
E este foi o início de um novo recomeço.

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